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23/10/2012

Gigantes como Pfizer, Bayer e Eli Lilly criam remédio específicos para animais de estimação, um mercado que não para de crescer


O carinho dos donos pelos seus animais de estimação está estimulando a indústria farmacêutica a criar versões para cães e gatos de medicamentos humanos, em busca de uma nova fonte de lucros. Cachorros que ficam sozinhos e apresentam sintomas de depressão, por exemplo, já podem ser tratados com um remédio similar ao antidepressivo Prozac.
Há tratamento até para casos mais graves, como câncer. Tudo para atender os donos que não medem esforços - e dinheiro - para preservar a saúde do "melhor amigo".
A americana Eli Lilly, dona do Prozac, anunciou neste mês que trará ao Brasil sua linha de medicamentos para animais domésticos, disponível nos Estados Unidos desde 2007. A empresa atenderá o segmento por meio de sua divisão de saúde animal, a Elanco, que já fabrica no Brasil produtos para animais de produção, como bovinos e suínos.
O primeiro medicamento, que será lançado no Brasil até o fim do ano, vem de uma molécula que a Eli Lilly comprou da Dow Chemical e que, posteriormente, se revelou uma solução contra pulgas em cães e gatos, conta o diretor da divisão de animais de companhia da Elanco América Latina, Mauri Moreira.
O "Prozac para cachorro" ainda não está disponível no Brasil, mas está no radar da Elanco trazer o medicamento ao País. A área de saúde animal faturou US$ 1,68 bilhão em 2011 no mundo e respondeu por 8% da receita da Lilly. Neste ano, a divisão cresce 21% no mundo e mais de 30% no Brasil.
A indústria farmacêutica faturou R$ 400 milhões com a venda de produtos veterinários para cães e gatos no País em 2011, segundo dados do Sindicato Nacional da Indústria de Produtos para Saúde Animal. O segmento ainda é pequeno perto da divisão de animais de produção, como bovinos e suínos. Os "pets" respondem por 11,7% do faturamento do mercado de medicamentos para animais, um total de R$ 3,4 bilhões. No mercado americano, o segmento é quase 50%.
A tendência é aumentar essa fatia. A indústria vê o baixo índice de vacinação nos animais brasileiros como uma grande oportunidade de crescimento nas vendas. Estima-se que existam 30 milhões de cães e gatos no País, mas apenas 20% deles são vacinados com regularidade. Nos Estados Unidos, o índice é de 85%.
'Humanização'. A Pfizer, líder neste mercado, aposta na "humanização" do tratamento de cães e gatos. "Antigamente, os animais domésticos eram tratados com resto de comida e só iam ao veterinário quando ficavam doentes. Hoje, estão muito próximos de um membro da família e tendem a receber melhores cuidados", disse o diretor da unidade de animais de companhia da Pfizer, Tiago Papa.
A empresa costuma se inspirar em tratamentos de humanos para desenvolver produtos para animais. "Existem linhas de pesquisa em oncologia humana que já resultaram em medicamentos contra câncer para cães", disse.
A última novidade, apresentada na semana passada, foi um centro de imunização modelo para veterinários, inspirado em serviço de pediatria. A proposta da Pfizer, que oferece um refrigerador próprio para armazenar suas vacinas em regime de comodato aos veterinários, é criar uma sala de vacinação separada do local da consulta.
O contrário também pode ser feito. A alemã Bayer, por exemplo, lançou pela primeira vez um produto para animais que visa, na verdade, melhorar a saúde humana. Trata-se de um hidratante que reduz as partículas de pelos de cães e gastos que provocam alergias nos donos. "Cerca de 70% dos clientes que compram produtos para animais são mulheres. Existem muitos produtos que podemos desenvolver pensando também no bem-estar do proprietário", disse o gerente da unidade de animais de companhia da Bayer, Gilberto Neto.
MARINA GAZZONI - O Estado de S.Paulo

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